lembranças de um contemporâneo

No início de 1997, recém-formado, eu dava os primeiros passos na advocacia. Poucos meses depois, quando a internet discada ainda conquistava o Brasil, era lançado o Consultor Jurídico. Se não foi o primeiro site jurídico do país — ele próprio celebra a primazia do Jus Navigandi, há 26 anos dirigido pelo valoroso conterrâneo Paulo Gustavo[1] —, o ConJur logo se firmou como o mais completo, popular e influente de tantos quantos vieram a fazer-lhe companhia no setor.

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As razões para isso começam na coragem, na clarividência e no idealismo do seu líder Márcio Chaer, talvez o dono da agenda jurídica mais valiosa do Brasil; passam pela excelência dos jornalistas que compõem e compuseram a redação, muitos hoje aplicando noutros veículos a experiência aqui adquirida; e ancoram-se na política editorial do diário, aberto a notícias jurídicas de todo tipo, desde os grandes debates globais até o mais pitoresco fait divers ocorrido em comarca longínqua, mas sempre fiel à defesa dos direitos fundamentais e à denúncia dos abusos e de seus perpetradores.

E nisso há um princípio, não por acaso a regra de ouro do jornalismo: vigilância redobrada sobre os poderosos e combate inclemente aos salvadores da pátria de turno. Na primeira categoria entram as costumeiras críticas, técnicas mas não raro ásperas, a decisões de Tribunais Superiores, propostas legislativas, atos do Executivo e iniciativas do Ministério Público. Na segunda figuram o partidarismo e a ambição do juiz Moro e seus acólitos, claros para os leitores do ConJur muito antes das saborosas matérias do Intercept; a central de vazamentos do delegado Protógenes Queiroz e o furor anticapitalista do procurador Luiz Francisco de Souza, entre outras bizarrices desmascaradas por esta incansável equipe de repórteres.

Mas nem tudo é o calor dos fatos, e o ConJur é também um espaço privilegiado para a reflexão doutrinária e institucional, contando com um acervo precioso de artigos dos maiores juristas do Brasil e de bem conduzidas entrevistas em que acadêmicos e autoridades dividem as suas experiências e os seus insights.

As colunas são um capítulo à parte: escritas por nomes consagrados e cobrindo virtualmente todos os ramos do Direito, infundem rigor teórico às atualidades de cada dia, com isso credenciando-se a alguma longevidade — o que se comprova pelas muitas coletâneas delas publicadas como livros.

Foi nesse âmbito que, após alguns artigos esparsos, passei a colaborar de forma estável com o site, fundando em 2012 a coluna Consultor Tributário, ao lado de Heleno Tôrres, Gustavo Brigagão e Roberto Duque Estrada. Da composição originária restamos Heleno e eu, hoje acompanhados de Hugo de Brito Machado Segundo e Elidie Palma Bifano, após uma fugaz passagem de Helenilson Cunha Pontes.

O ConJur faz parte da minha vida, como leitor diário, articulista e amigo. Vida longa a este contemporâneo que há muito se fez imprescindível para o Brasil!

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